Conta a história que Lorde Nelson, antes de derrotar Napoleão em Trafalgar, traçou para Lorde Sidmouth, sob o tampo de uma mesa de madeira, a estratégia que utilizaria na famosa batalha naval. E ao invés de usar lápis, o fez com o dedo molhado em vinho do Porto. Surpreendente?
Nem tanto, afinal o vinho do Porto foi feito desde o início de seu desenvolvimento para o paladar inglês. Eles o consagraram e Portugal o fez o mais saboroso e charmoso dos vinhos fortificados.
 |
| Vinhas tradicionais do Douro |
E tudo começa lá mesmo, na cidade do Porto. Não exatamente nesta cidade portuguesa, mas na região do Alto Douro(a 100Km da cidade do Porto), e a relação com a cidade do Porto vem do fato de que esta fica na foz do rio Douro. Para se ter uma idéia, dos 240 mil hectares da área, cerca de 35 mil são ocupado pelas vinhas. E dos vinhos produzidos nessa área, mais ou menos 40% são beneficiados com aguardente vínica e tem direito ao uso do nome Porto. Senão for dessa área e feito desta forma não é vinho do Porto e sim vinho de mesa.
Para fabricação do Porto são utilizados vários tipos de uva. Para os do tipo tinto utilizam-se cerca de 20 tipos de uvas, definidas como as melhores, além de 32 outros tipos não tão bons, mas também aromatizados. E é a mistura de vários tipos de vinho,também chamada “corte”, que garante a grandeza, a fama e a sedução atraente de um bom Porto.
A fermentação do Porto é processada naturalmente. O açúcar do mosto da uva se transforma em álcool e libera gás carbônico. O vinho ficará seco se a fermentação for até o fim; se não, ficará mais doce. A graduação alcoólica do Porto costuma ter de 19 a 22 graus, quando a fermentação é interrompida. O vinho do Porto pode ser seco, embora o mais tradicional seja o tinto doce. No caso do Porto branco, o processo é igual, com o uso de uvas brancas.
O Porto pode ser dividido em duas categorias básicas: os envelhecidos em garrafas, chamados Vintages e os envelhecidos em pipas de madeira, que são por sua vez subdivididos em várias outras categorias. Tida como a mais alta categoria entre os tipos de Porto, o Vintage é feito só com uvas de uma certa safra, aquela que pode ser considerada perfeita, que ocorre geralmente de três em três anos. Eles são envasados em garrafas bem escuras, praticamente sem contato com o oxigênio, o que conserva mais o sabor da fruta original. Apesar de classe, do sabor e fama, os Vintages não desqualificam os outros tipos de Porto.
O Porto tinto é de coloração muito escura, mas com o passar do tempo vai ficando mais claro. O processo é estimulado pelo vinho envelhecido na madeira, onde o contato com o ar, mesmo por meio das paredes porosas dos barris, é maior e quase incontrolável.
É a cor que dá nome aos tipos de Porto. Dentre estes estão: o tipo Ruby, mais novo e de cor bem viva. O mais velho é do tipo Tawnies, aloirados.
Para acompanhar, uma sugestão: os queijos fortes, como Gorgonzola e Roquefort. É uma escolha sempre imperdível. Um detalhe: não esqueça que o Porto deve ser bebido em temperatura entre 12 e 18 graus.
