Incomodar é fácil. Mas ser chato, chato mesmo, é uma arte. E poucos terrenos são mais férteis a safras de chatos que a gastronomia. Os gastrochatos são toda uma tribo. À mesa, o chato não come. Degusta, avalia, compara, identifica tendências. Está sempre à caça da nova combinação de texturas, aromas e sabores surpreendente a ponto de fazer cócegas em seu paladar refinado. E sempre pronto para avaliar tudo, criticar o ponto, reclamar da montagem do prato, da posição da guarnição. Ou a valorizar o que só a capacidade desenvolvida em anos de gastrochatice pode entender.
Mas há limites aceitáveis para teorizar o prazer: há de se manter o prazer, e não soterrá-lo com falatório. Aí é quando o chato – eno, eco ou gastro perde o título. Vira o insuportável, que na sua tentativa excessiva de mostrar conhecimento acaba sem futuro social. Aí, meu amigo, não tem mais jeito. Vamos todos nos esconder do fulano atrás da mesa de canapés.
A Época desta semana dá 6 dicar para você fazer uma auto análise e saber se pertence ao “seleto” grupo dos gastrochatos ou não:
1- Os amigos não o acompanham mais em saídas para comer fora por causa de suas constantes reclamações e observações sobre os ingredientes e a preparação dos pratos.
2- Você não consegue sair mais para comer sem sacar uma câmera para tuitar ou blogar sobre sua ida ao restaurante.
3- O trivial não serve mais para suas refeições. É preciso incrementar. Feijão, só se for com vinho.
4- Você bate boca com Chefs de Cozinha, virtual ou pessoalmente, porque acredita que sua experiência em bons restaurantes o credencia para criticar pratos.
5- Acha que os restaurantes, mesmos os mais tradicionais e reconhecidos, são caros e medianos.
6- Não perde uma oportunidade de mostrar sua erudição em pratos, ingredientes e experiências gastronômicas.
Que bom que seu blog voltou rapidinho. Esses dias fora do ar deixaram um grande vazio na blogosfera. Keep the good work.
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