O Rio de Janeiro continua lindo, mas as locações para filmagens na cidade maravilhosa estão sempre ligadas a antigos clichês. Desconsiderando os jogos Pan Americanos, as Olimpíadas já próximas e a pacificação nas favelas, os “Big Boss” de Hollywood ainda tem uma imagem espanholada de uma cidade exótica e criminosa. Pensam que o Rio é um lugar caliente , refúgio tropical de malfeitores gringos, com macacos pelas ruas e onde se ouve rumba. O interesse pelas locações no Rio é crescente. Em 2011, 62 produções filmaram no Rio, 55% mais que em 2010, segundo a Rio Film Comission.
A revista Época desta semana, vem com uma matéria interessante sobre erros cometidos nas gravações por culpa dos clichês eternos.
1979 – 007 Contra o Foguete da Morte – James Bond aluga um cavalo no Cosme Velho (bairro de classe media/alta) e sai galopando rumo à Amazônia. Devia ser um cavalo do primeiro mundo, o “Silver”, quem sabe. E o traseiro do espião, vamos ter que respeitar também. Achou pouco né, mas tudo isto ele fez vestindo um poncho gaúcho.
1984 – Feitiço do Rio – O filme trás Demi Moore aos 22 anos , em um ritual de candomblé em que as pessoas vão ficando peladas, onde cariocas vestem-se de baianas e os nativos do Rio andam com aves penduradas no ombro.
2001 – Orquídea Selvagem – Em uma cena do filme, um túnel na zona sul da cidade, leva os personagens ao Pelourinho em Salvador, o que sem dúvida seria uma maravilha, mas que é totalmente sem noção.
2002 – Os Simpsons - Em 2002, o desenho “Os Simpsons” causou uma enorme polêmica no episódio em que a família amarela vem ao Rio de Janeiro ajudar uma criança carente . Macacos atacando as pessoas na rua, sequestro relâmpago , apresentadoras televisivas infantis hipersexys, libertinagem entre os moradores e erros geográficos causaram revoltas no governo brasileiro (na época, Fernando Henrique Cardoso) , que exigiu um pedido de desculpas. O episódio, de fato, ironiza os problemas brasileiros e até inventa situações absurdas, mas também critica ferozmente a ignorância estadunidense – como é típico do desenho. Seu título, “Feitiço de Lisa” (“Blame it on Lisa”) faz referência ao filme “Feitiço do Rio” (“Blame it on Rio”).
2011 – Velozes e Furiosos - Contém um exagero de clichês. Um traficante chamado Ernan Reyes, interpretado por um ator português, esta numa boca de fumo, cercado de mulheres de biquíni e contando dólares. Um trem de luxo, no estilo europeu cruza a cidade do Rio. E para colocar fermento na ideia de que o Rio é só corrupção, numa das cenas, um bandido encurralado recusa a rendição e diz ao oficial do FBI:” Você não esta nos Estados Unidos, está no Brasil. Aqui, a situação é outra”. É mole?
2011 – Mercenários – Stallone, agora como diretor, disse que fazer o filme no país deu mais liberdade para usar violência. “Você pode explodir o país inteiro, e eles vão dizer: 'Obrigado e aqui está um macaco para você levar de volta para casa'”. Na época, estes comentários repercutiram muito mal, deu origem ao movimento ”Cala a boca Stallone” no twitter e resultou em retratação pública do diretor.
2011 – Amanhecer – A Época cita(não assisti, não suporto este tema) que no filme, o vampiro Edward e sua mulher Bella, passeiam pela Lapa(o bairro mais carioca que conheço), ao som de um samba esquisito cantado por um português. Numa ilha na baia de Paraty, onde passam a lua de mel, descobrem que a faxineira da casa é uma curandeira índia. E todas as camareiras de Paraty, devem ser encolhedoras de cabeças, com certeza.
Acho que quem tem as cabeças encolhidas são as pessoas que insistem em passar uma idéia errada do Rio. Mas, é assim mesmo; quem desdenha quer comprar.
ResponderExcluir