Um diário austríaco noticiava em 02/05/2013 a morte do mais velho sobrevivente do sexo masculino dos campos de concentração nazistas.
Nome: Leopold Engleitner. Idade: 107 anos.
Segundo o jornal, o óbito aconteceu no dia 21 de Abril, mas de acordo com os desejos do próprio apenas foi revelado dia 2 de Maio.
Mas quantas vezes morreu (e renasceu) um homem que esteve, entre 1939 e 1943, nos mais horrendos locais a que se poderia dar o nome de “campos”?
Buchenwald, Niederhagen e Ravensbrueck, campos de morte, cheirando a cinza, campos de desumanização absoluta, campo de extermíneo.
Segue uma pequena biografia do homem que se recusou a aceitar um FIM anunciado tantas vezes, mas que ‘morreu’ um pouco em todas elas:
. Em 23 de Julho de 1905 nasce numa pequena cidade dos Alpes Austríacos (a morte dos invernos gelados).
. Leopold era o filho mais velho de um serralheiro local, casado com a filha de um lavrador da região de Aigen Volhub, uma família de poucos recursos (os olhos do pai, depois do trabalho, mortos de cansaço, para que ninguém passasse fome em casa) .
. Em outubro de 1931, um amigo convida-o para assistir a uma reunião religiosa de um grupo conhecido por Bibelforscher, nome então dado às Testemunhas de Jeová. No ano seguinte é batizado (dá assim um tiro de morte numa Áustria predominantemente católica).
. Em 1934 começa o trabalho de pioneiro, ensinando a Bíblia a pessoas receptivas, mas a polícia segue os seus movimentos. Até 1938 passa alguns períodos na prisão ( começa a morrer sua liberdade).
. Quando as tropas de Hitler invadem a Áustria, as Testemunhas de Jeová(TJ),são remetidas à clandestinidade. Em 1939 a Gestapo detém Leopold e mais três amigos, quando assistiam à comemoração da Morte de Cristo . Em Linz, são submetidos os quatros a interrogatórios com tortura, e só Leopold sobrevive.
Chegada a Buchenwald
. Continua preso até ao dia 9 de Outubro de 1939, dia em que chega ao campo de concentração de Buchenwald . Fazem a ele uma proposta de liberdade imediata, caso assine um papel renunciando seu Deus. Ele se recusa (viagem para uma morte inevitável).
Papel que as TJ deveriam assinar para obter a liberdade Imediata
. Depois de dois anos ininterruptos de trabalhos forçados, é transferido a 7 de Março de 1941 para o campo de Niederhagen. Em 1943, todos os prisioneiros são transferidos. Leopold segue para Ravensbruck (só mortos e mortos-vivos à sua volta).
Uniforme usado pelas TJ nos campos
. Inesperadamente, surge em Junho de 1943 a hipótese de sair do campo de concentração, desde que aceite fazer trabalhos forçados como operário agrícola para o resto da vida. Pesa apenas 28 quilos, tem o corpo coberto de feridas e está surdo de um ouvido devido aos espancamentos (46 meses ininterruptos de morte pura, disfarçada de privação, fome e escravidão).
. Leopold consegue fugir da fazenda para onde fora enviado e esconde-se numas montanhas perto de Salzkammergut durante um longo período (morre de frio todos os dias, mas os soldados nazistas não o encontram).
. No dia 5 de Maio de 1945, os olhos azuis de Leopold Engleitner observam aviões aliados em voo raso. A guerra está a terminar, conclui. As tropas norte-americanas resgatam-no no ano seguinte, quando já se encontrava outra vez a fazer trabalhos forçados (morre o Holocausto, mas só para o mundo).
. Regressa ao trabalho como missionário e arranja vários pequenos empregos para sobreviver. Estabelece-se na região de St. Wolfgang.
. Casa com Theresia Kurz, em 1949. Vivem juntos 32 anos, ela sucumbe a uma doença em 1981, depois de sete anos de sofrimento (quase morre de amor).
. Já viúvo, volta ao trabalho de evangelização e dá conferências pelo mundo, relatando a sua experiência de vida. Nunca, como Testemunha de Jeová, assinou qualquer documento renunciando às suas crenças (muitas canetas morreram na sua mão).
. Leopold, mesmo após tudo, dizia que não se considerava uma pessoa amargurada, depois de tudo o que viveu. (este homem sorria).
. Aos 107 anos, morre uma última vez em casa, na companhia de amigos.
(Com a ajuda de Francisco Roldão).
Triângulos NazistasNos campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas desenvolveram um sistema de figuras geométricas em forma de triângulos, para auxiliar na identificação do tipo de pessoa que a portava. Diferente do que muita gente pensa, não havia apenas judeus nos campos de concentração. Veja abaixo:
▼ Amarelo - judeus usavam dois triângulos sobrepostos, para formar a Estrela de Davi, com a palavra "Jude" inscrita, aqueles que eram considerados apenas parcialmente judeus, muitas vezes usavam apenas um triângulo amarelo.
▼ Vermelho - dissidentes políticos, incluindo comunistas, sociais-democratas, liberais, anarquistas e maçons.
▼ Verde - criminoso comum. Criminosos de ascendência ariana recebiam frequentemente privilégios especiais nos campos e poder sobre outros prisioneiros.
▼ Roxo - Testemunhas de Jeová, que negavam-se a participar dos empenhos militares da Alemanha nazista e a renegar sua fé assinando um termo declarando que serviriam a Adolf Hitler, termo este, que se assinado traria à liberdade imediata.
▼ Azul - imigrantes. Foram usados, por exemplo, pelos prisioneiros Espanhóis que se exilaram em França a seguir à derrota na revolução Espanhola, e que mais tarde foram deportados para a Alemanha considerados como apátridas.
▼ Castanho - ciganos roma e sinti.
▼ Negro - lésbicas e mulheres "anti-sociais". (alcoólatras, grevistas, feministas, deficientes e mesmo anarquistas).
▼ Rosa - homossexuais.
Além do código das cores, alguns subgrupos tinham o complemento de uma letra localizada no centro do triângulo, para especificar prefixo do país de origem do prisioneiro, por exemplo: B para belgas; F para franceses; I para italianos; P para polacos; S para espanhois;T para tchecos; U para húngaros.
Publicado por DraftCraft app
Sara D. Adar
Anthony Lolli é o primeiro à direita
