segunda-feira, 19 de março de 2012

Por Que Comida de Avião é Tão Ruim ?



Quase todo mundo concorda: comida de avião é muito ruim. Ainda bem que ninguém anda de avião para comer. Minha  torcida  é  para  chegar  rápido  e  inteira. Como  diz o mestre Ariano Suassuna: “Só existem  dois tipos  de viagens aéreas, as tediosas e as fatais”. Mas as companhias aéreas não são as únicas culpadas por isso —  a  biologia está contra  elas. Segundo uma reportagem do “New York Times”, um  dos  motivos  para  que  tenhamos a impressão de que  ninguém  se  preocupou  em tentar cativar o paladar dos passageiros é que não conseguimos sentir plenamente o gosto da comida quando estamos em  grandes altitudes.






 O problema é que o olfato, um importante coadjuvante nesta história, e o paladar ficam tão prejudicados nas  alturas  que  é  difícil  distinguir o que é doce, salgado, amargo  ou azedo. Mesmo antes de a aeronave decolar, a atmosfera dentro da cabine resseca o nariz. E, enquanto o avião sobe, a mudança na pressão atmosférica entorpece cerca de um terço de  nossas  mais  de dez mil  papilas  gustativas. Assim  que  se  atinge  uma altitude de cruzeiro de cerca de 12 mil metros, os níveis de umidade da cabine são  mantidos  baixos devido ao design do aparelho, concebido com a intenção de reduzir o risco de corrosão da fuselagem. Em pouco tempo, o nariz e as papilas gustativas estão ainda mais entorpecidas.






Tudo isso explica por que sucos de tomate são mais palatáveis em aviões: o fruto parece menos ácido no ar do que em terra firme — como descobriu a companhia alemã Lufthansa depois  de  encomendar  uma  pesquisa científica  para  saber  a  razão  de  seus  clientes consumirem tanto suco de tomate quanto cerveja. Ajuda a entender, também, por que  as companhias tendem a salgar e a apimentar muito a comida, além  de  servir vinhos muito encorpados. Sem esses extras, a refeição pareceria (ainda mais) sem graça.



Não só os passageiros  de  avião  sofrem  com este problema: os astronautas também. Depois  que  o gestor  do  sistema  de alimentação da  Nasa  começou  a pedir enormes quantidades de molho picante, o órgão começou a suspeitar que o inchaço dos seios da face  que  ocorre  em   gravidade  zero  pudesse  estar  interferindo  na  habilidade  dos astronautas de sentir cheiros e gostos. Na realidade, a partir do terceiro dia no espaço,os astronautas começam a perder o paladar.Agora,estão em curso estudos que reproduzem, com voluntários, este efeito na Terra, na tentativa de sanar este inconveniente.





Para  quem  costuma  viajar  de  avião, a  notícia,  diz  o “New  York  Times”, é  que  as companhias aéreas estão investindo no aprimoramento de suas refeições,que(também é consenso) pioraram sensivelmente nos últimos anos. Pelo menos para os passageiros da executiva e da primeira classe a situação deve melhorar. A americana Delta Airlines,  por exemplo, contratou o conceituado chef Michael Chiarello. E a Korean Air tem uma fazenda de onde vêm suas carnes e seus vegetais orgânicos. Espera-se que estes esforços sejam recompensados.

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